Nos últimos dias, moradores de São Pedro do Sul têm relatado casos de envenenamento de animais domésticos em diferentes pontos da cidade. Apesar de as ocorrências ainda não terem sido formalmente registradas junto à Polícia Civil, os relatos geram preocupação e mobilizam tutores em busca de respostas e justiça.
Uma das moradoras afetadas é a comerciante Ana Clarice Bueno Albanio, residente no bairro Santo Antônio, que perdeu quatro animais de estimação em um curto período de tempo, todos com sintomas semelhantes. “Os meus animais ficam todos dentro do pátio, que é fechado. Às vezes eles saem, mas quando eu estou junto no lado de fora. O primeiro caso foi o da minha cachorrinha, que estava prestes a dar cria, faltando em torno de duas semanas. Eu a encontrei morta nos fundos do pátio. Não tinha vestígio de sangue, nada que possa dizer que ela teve alguma complicação. Simplesmente ela estava normal, só que eu achei vestígio de saliva nela, mas ficou por isso mesmo”, relata Ana.
Cerca de uma semana depois, outro animal da família também morreu. “O gato que nós tínhamos também apareceu morto — nada de sangue, só saliva. Mais uns dias se passaram, e uma vizinha do lado me chamou dizendo que tinha um gato morto no pátio dela, só que não era meu. Com o mesmo vestígio: saliva, afirma a comerciante”
O caso mais recente foi o da gata siamesa de estimação, Jady, que vivia dentro de casa e era muito próxima da família.“À tarde, eu estava na frente da minha casa e o meu filho mais novo dentro de casa. Ele me chamou porque a gata estava se tremendo toda. Com ânsia, ela pulou a janela e foi para o canto da casa. Começou com uma tremedeira, ronco e muita saliva. Quem morou no interior sabe como funciona veneno, então eu sabia que era veneno. Tentei salvar ela com o que veio na minha cabeça — dei alho, fiz o que pude”, lamenta a moradora.
Ana Clarice levou a gata ainda com vida até uma clínica veterinária, mas o animal não resistiu.“Chegando lá, a veterinária fez o que pôde. A gata ficou no soro e a veterinária constatou que era veneno. Eu desconfiava, mas não tinha certeza. Pela manhã, ela me ligou dizendo que não conseguiu salvar a nossa gata siamesa”, recorda a comerciante.
De acordo com Ana, outros casos de animais mortos também foram constatados por moradores do bairro Santo Antônio.
Revoltada, a moradora cobra justiça e pede mais conscientização. “Os meus animais ficam em casa. Se eu deixo eles soltos ou vou sair um pouco, eu estou na frente da casa. É uma injustiça o que está acontecendo. Pra que fazer isso? Dar veneno para os bichos que vivem dentro de casa?”, questiona Ana.
Delegado orienta sobre como agir em casos suspeitos
O delegado Giovanni Lovato, titular da Delegacia de Polícia de São Pedro do Sul, informou que até o momento não há registros de envenenamento de animais na Polícia Civil, mas reforça que é essencial procurar um médico veterinário e registrar boletim de ocorrência sempre que houver suspeita. “Não recebemos nenhuma notícia de envenenamento, não temos conhecimento desses fatos. Mas, em caso de suspeita, é importante que os tutores dos animais levem eles até um médico veterinário, que vai ter a capacidade técnica de apontar um possível envenenamento. No caso, fazer uma coleta de sangue desse animal para que depois a gente possa encaminhar para uma perícia”, afirma Giovanni.
Lovato reforça que os maus-tratos a cães e gatos são crime, com pena de 2 a 5 anos de prisão, e destaca a importância das denúncias imediatas. “Essas denúncias precisam ser feitas o quanto antes, pelos telefones 197 (Polícia Civil) ou 190 (Brigada Militar), para que a gente consiga verificar esses fatos e cessar o sofrimento dos animais, evitando até mesmo a morte deles”, diz.
O delegado também ressalta que a demora em registrar as ocorrências prejudica as investigações.“A dificuldade nos casos de envenenamento é justamente que os fatos acabam sendo registrados muito tempo depois. Os animais são enterrados, então a gente não tem a coleta do sangue em tempo hábil para que seja encaminhado a exame laboratorial”, afirma Lovato.
Além disso, ele destacou que ações de fiscalização também são realizadas por meio da Secretaria de Agricultura, Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do município. “Além das próprias denúncias que a gente recebe, há também as que a Secretaria recebe e nos pede apoio”, finaliza Giovanni.
Por Andressa Scherer Tormes
































































