Sete pessoas denunciadas pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) em Santiago começaram a ser julgadas na quarta-feira, dia 16, pelo envolvimento na morte de Daniela de Freitas Falcão e na tentativa de assassinato de seu companheiro, Douglas Garcia Monteiro. O crime foi motivado por disputa do tráfico de drogas na cidade e evidencia a expansão para o Interior das facções que atuam em Porto Alegre e na Região Metropolitana. O júri segue nesta quinta-feira (17).
Os réus Marcos André da Fonseca Teles, Rafael Guimarães Garcia, Igor Thomaz Amaral Corrêa, João Vitor Pereira dos Santos, Matias Moreira da Cruz e Paulo Roberto Peixoto de Lima respondem por cinco crimes: homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima); tentativa de homicídio qualificado (motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima); posse de arma de fogo com numeração suprimida; posse de arma de fogo e munições de uso permitido; e associação criminosa. O sétimo réu, Igor Guedes Freitas, por ter se associado ao grupo, é acusado de associação criminosa.
O CRIME
Daniela foi morta a tiros e Douglas baleado no tórax, axila e ombro por volta das 21h30 de 30 de abril de 2021 na Rua Carlito Mazoni, Bairro Jardim dos Eucaliptos, em Santiago.
Obedecendo ordens enviadas por Marcos André de dentro da Cadeia Pública de Porto Alegre, os réus Igor Thomaz, João Vitor, Paulo Roberto e Rafael se deslocaram da Capital para Santiago com o único intuito de matar as vítimas. Naquela noite, o grupo se encontrou com Matias, que entregou as armas utilizadas no ataque. Então, os quatro foram até a residência do casal em uma Spin branca e abriram fogo. Depois, Matias, a mando de Marcos André, ocultou o revólver utilizado no crime, cuja numeração estava suprimida.
EXPANSÃO DAS FACÇÕES PARA O INTERIOR
Os promotores de Justiça alertam que esse crime é mais uma amostra da expansão das facções que atuam na Capital e Região Metropolitana para o Interior. “O mandante estava preso em Porto Alegre e de lá ordenou as execuções em razão de disputa de território, buscando o domínio do tráfico de drogas naquele bairro”, comentou a promotora Silvia Inês Miron Jappe.
“É um tipo de júri que não é comum em Santiago, por envolver facções e execução por conta do tráfico de drogas. Até por isso esse crime chamou tanto a atenção da comunidade, pois é um fato com o qual a comunidade de Santiago não está acostumada”, complementou o promotor Francisco Saldanha Lauenstein.
Por esse motivo, o homicídio consumado e o tentado foram qualificados por motivo torpe. O recurso que dificultou a defesa se caracteriza pelo fato de os denunciados, em superioridade numérica e com armas em punho, terem invadido a residência de surpresa e disparado contra os alvos.
O coordenador do Centro de Apoio Operacional do Júri, Marcelo Tubino, ressalta que este é “mais um dia de árduo trabalho para coibir a expansão do crime organizado para o Interior do Estado. O Ministério Público tem sido combativo no enfrentamento às facções, visando não só ao restabelecimento da paz nas pacatas cidades, como também na diária busca da minoração dos índices de crimes violentos no Rio Grande do Sul”.
