Nossas redes sociais

Digite o que você procura

Colunistas

O NEGACIONISMO MATA E ROUBA EMPREGOS

Quando Oswaldo Cruz, lá nos idos de 1904, descobriu e desenvolveu a vacina contra a varíola, houve um levante popular que entrou para a história como a Revolta da Vacina. Somente em 1908, quando a peste ceifava vidas aos borbotões, o povo acordou e correu atrás de socorro. Como Oswaldo Cruz desenvolveu a vacina a partir de “pústulas de vacas doentes”, os negacionistas de antanho afirmavam, com a autoridade peculiar aos ignorantes, que quem se vacinasse ficaria com feições bovinas. Não sei o que é pior: parecer uma vaca ou virar jacaré. Ou seja: a história se repete.

Hoje, mesmo depois de mais de 620 mil vítimas fatais da coronavírus, inclusive da morte de minha sobrinha Sandra Maria Soares Coelho, ainda se vê pessoas combatendo a vacina. Como explicar isso?

Com certeza, a ciência médica, Freud e companhia, teria uma explicação para tamanho disparate, já que o negacionismo não é privilégio de poucos, mas de muitos que se negam a se entregar às evidências científicas que, per si, escancaram os efeitos benéficos da vacinação em massa.

Não dá nem para chamar a estas pessoas de ignorantes. Conceitualmente, ignorante significa pessoa sem instrução, alguém estúpido ou imbecil. Não é o caso, pois até alguns médicos defendem teses estapafúrdias sobre a vacina, propondo o uso de medicamentos que, cientificamente, está provado e comprovado não ter qualquer eficácia.

Então, como explicar que alguém, de sã consciência, possa negar o inegável, mesmo tratando-se de um fato histórico, mesmo confrontando evidências científicas. Como imaginar que alguém, politicamente responsável, minimamente informado, possa combater, boicotar ou minimizar a importância e a urgência da vacinação em massa contra a covid. Uma médica muito querida diz que a negação é um mecanismo de defesa diante de um sofrimento intenso, o que implica em vulnerabilidade psíquica que, aliás, demanda acompanhamento. Tive um amigo vitimado pelo câncer que morreu negando a doença. Referia-se a ela como “aquela coisa”, até porque fugia do ato simples de pronunciar a palavra “câncer”.

O fato é que o número de casos de coronavírus aumenta exponencialmente e, felizmente, os sintomas são leves, tudo porque foram contaminadas pessoas já vacinadas. Os que morreram, em sua maioria, tinham alguma comorbidade ou não estavam vacinados, como foi o caso de minha sobrinha. A expectativa é que, a vacinação avançando, a doença fique cada vez menos grave e as restrições cada vez menores.

Nesta altura do campeonato, até porque é urgente que se volte a ter uma vida “normal”, é preciso entender que ser contra a vacinação é nadar contra a correnteza. Não tem porque sofrer, nem correr risco de morte, nem colocar em risco a vida dos outros, em especial, de seus familiares. Chega de masoquismo! O sofrimento, a humilhação, o gostar disso passa longe do bom senso e da normalidade.

Chega de sofrer de graça! Chega de notícias falsas sobre a vacina! Chega de politizar e de ideologizar a coronavírus! Chega de conviver com a desinformação que enluta famílias e quebra empresas roubando empregos. A ciência provou que os imunizantes hoje existentes são seguros e eficazes. Foram disponibilizados após um processo sério de testes e de aprovação por parte de órgãos responsáveis de todo o mundo, inclusive da Anvisa. Seja cidadão e condene quem não se respeita a si próprio e, muito menos, a comunidade em que vive.

Leia também