Na rua 15 de novembro, no meio-fio da calçada em frente ao local em que irá ser erguido o prédio da Farmácias São João, estava fixada uma antiga argola de metal, que era usada para amarrar as rédeas de cavalos ou juntas de bois ainda na primeira metade do século passado.

Porém, na última semana o item histórico foi furtado. “Fiquei bastante triste, ao mesmo tempo chocada, porque até então havíamos conversado e estava tudo certo para preservar a argola no local. Enviamos o projeto, até surgiram algumas ideias bem legais e aconteceu isso. É lamentável. Eu penso que talvez tenha sido intencional, na maldade mesmo”, lamenta a diretora dos Museus, Francis Schirmann Silveira.
De acordo com Francis, o objeto, provavelmente um dos últimos pelas calçadas da cidade, era um registro de uma época em que os meios de transporte da população eram movidos à tração animal. “São conhecidas também como argolas de amarra solípedes, que eram utilizadas no final do século XIX , início do séc XX. Aqui no município, aproximadamente nos anos 1920/1930, essas amarras eram usadas de fato como parte de estacionamento. Elas são um marco que nos remetem a outros tempos. É um patrimônio que nos conta essa história de como era a dinâmica de todo o comércio, do trânsito de São Pedro do Sul, quando não existiam os carros ainda e eram utilizadas as carroças, os carros de boi, os cavalos”, destaca ela.

A diretora do Departamento de Cultura, Mariana Binato de Souza afirma que há algum tempo já havia sido feita a solicitação da realização de um decreto para que a argola fosse preservada no local pelos moradores. Também foi conversado com os representantes da Farmácia São João se iriam manter o meio-fio. Como houve a confirmação de que iriam preservar, optou-se por deixar a argola no local de origem. “Existem itens que para serem preservados precisam ficar nos locais de origem, que era esse caso. E assim como qualquer outro item que está em via pública, a argola estava suscetível ao roubo”, diz Mariana.
Conforme a dirigente cultural será registrado um boletim de ocorrência relatando o furto. “A procuradoria jurídica do município, juntamente com a Farmácia, já está fazendo isso, assim como os Museus Municipais solicitaram às empresas de monitoramento da cidade para que alguma imagem de câmera seja disponibilizada e possamos encontrar a pessoa que furtou. Caso a pessoa que tenha pego este item queira devolver, ela pode se dirigir até o Museu Histórico Fernando Ferrari e deixar no hall de entrada, na rua Fernando Ferrari, sem se identificar. Caso isso não ocorra nós vamos encontrar essa pessoa a partir dessas imagens de segurança que nós já temos acesso”, enfatiza Mariana.
Por Andressa Scherer Tormes
